Ademir da Guia, o “Divino”

No dia 3 de abril de 1942, nascia na cidade do Rio de Janeiro o maior ídolo da história do Palmeiras e um dos jogadores mais habilidosos do futebol brasileiro: o meia Ademir da Guia.

O atleta já nasceu respirando futebol. O pai era Domingos da Guia, zagueiro eterno da seleção brasileira. E o tio era o atacante Ladislau, um dos grandes ídolos da história do Bangu.

Os primeiros toques na bola foram dados em campos de várzea do subúrbio fluminense. Ainda criança, passou a jogar nas categorias de base do Bangu – à época um celeiro de craques.

Foi campeão juvenil em 1959 e ganhou uma chance no time profissional no ano seguinte. Em setembro, um amistoso contra o Palmeiras, no estádio do Pacaembu, mudaria a carreira dele.

Os cartolas alviverdes ficaram surpresos com a qualidade do meia, mesmo após o Bangu perder de 4 a 0. Em 1961, ao lado do pai, Ademir da Guia assinou contrato em Palestra Itália.

Foram nada menos do que 15 anos ininterruptos vestindo a camisa palmeirense, sendo titular absoluto e se tornando o atleta que mais vezes defendeu o clube: 901 jogos.

Alto e muito magro, era um jogador de classe e de técnica refinada. A bola podia chegar de qualquer jeito aos pés de Ademir. Ele matava, arredondava e soltava passes açucarados.

Ademir era um meia calmo, muitas vezes chamado de frio, e que fazia lançamentos milimétricos. Não costumava chutar muito a gol. Mas, quando chutava, marcava. Foram 153 no clube.

O meia formou uma dupla inesquecível ao lado de Dudu e integrou a famosa Academia de Futebol. A equipe era a única que fazia frente e superava o Santos do “Rei” Pelé.

O apelido “Divino” se popularizou na boca da torcida e da crônica esportiva. Veio do pai, Domingos da Guia, chamado de “Divino Mestre”, e da qualidade surreal que apresentava em campo.

Ademir da Guia foi cinco vezes campeão paulista (1963, 66, 72, 74 e 76), cinco vezes campeão brasileiro (1967, 67, 69, 72 e 73) e uma vez campeão do Torneio Rio-São Paulo (1965).

O meia teve poucas oportunidades na seleção brasileira e ficou marcado como um dos jogadores mais injustiçados na canarinho. Disputou a Copa do Mundo de 1974 no banco de reservas.

O craque é um dos raros atletas brasileiros a ganhar uma estátua. O busto de Ademir da Guia pode ser visto no Parque Antarctica, onde tantas vezes brilhou entre 1961 e 1977.